Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), publicada na revista Super Interessante em Abril de 2022, revelou que 50% dos homens entrevistados e 22% das mulheres já deram suas escapadinhas no casamento. Já outra pesquisa de 2006, da antropóloga Miriam Goldenberg, mostrou que 60% dos homens e 50% das mulheres já se envolveram com outra pessoa fora do matrimônio.
Isso mostra um percentual significativo de traições nos relacionamentos conjugais, mas por que isso acontece?
A infidelidade pode ser definida como o rompimento de um acordo, a quebra de confiança, a traição em um relacionamento. Mas os parâmetros aceitos como infidelidade variam em cada casal. Eu já acompanhei casais em que era considerado traição pensar e desejar outra pessoa, mesmo que não tivesse ocorrido nenhum encontro ou contato íntimo. Outros casais consideram traição apenas quando há o envolvimento sexual. Já soube de casos em que era considerado traição só se algum dos parceiros contasse algo sobre o que aconteceu com uma pessoa de fora da relação e também já ouvi que traição é só quando há relação sexual sem camisinha.
Assim, a dificuldade em lidar com a infidelidade já começa na própria definição do que é considerado traição pelos casais, já que cada um tem suas crenças, foi educado de uma forma, possui ideias diferentes do que considera traição. Sem contar a complexidade de configurações e possibilidades de se relacionar na contemporaneidade e a dificuldade na definição de papéis, de valores, princípios éticos, o que gera uma confusão e a sensação de que tudo pode, tudo é válido, desde que se queira e haja um consenso entre as partes envolvidas.
Mas por que a infidelidade ocorre?
São variadas as causas e justificativas, desde traços de personalidade, características pessoais, compulsão em ser infiel, vício em sexo, falta de conexão psicológica, conflitos, distanciamento, dentre outras insatisfações conjugais.
Nós seres humanos temos a necessidade de afeto, acolhimento, admiração, conexão, amor. Quando isso não ocorre com o parceiro de vida que estamos, abre-se brechas para o interesse por outra pessoa.
Então como prevenir a traição?
Os casais precisam aprender a resolver seus conflitos, enfrentar as dificuldades por meio de um diálogo construtivo. Problemas sempre vão existir, discordâncias, mas é necessário saber conversar, entender, esclarecer, achar soluções juntos. Isso une muito os casais. Dialogar não só sobre problemas mas sobre várias coisas, por exemplo, sobre o que gostam, o que não gostam, sobre sonhos, sobre o que pensar a respeito de diversos temas, assuntos, sobre projetos, sobre si mesmo, sobre sentimentos...
Muitas vezes os casais convivem juntos por muitos anos, mas são desconhecidos na mesma casa. Há que qualificar a relação, há que aprofundar, há que saber criar verdadeiros laços humanos!
Há que se importar com o outro de verdade, se interessar em saber quem ele é, do que precisa, como pode ajudar...
Há que surpreender, com mudanças positivas, com sua própria evolução como pessoa...
Há que amar, mais que querer ser amado...
Há que inspirar, ser um farol na vida do outro, ser seu apoio...
"Ah, mais é muita coisa, muito empenho! " Uma vez me disse uma paciente..
E eu respondi: "Sim, se relacionar dá trabalho, exige esforço!"
Talvez por isso que as relações não tem dado certo e se tem dificuldade de iniciar um relacionamento.
Vivemos em uma sociedade de conforto, comodidades, onde dar a batalha para construir uma relação sólida e profunda é visto como muito esforço.
Vale resgatar o espírito heróico, o valor, a masculinidade e a feminilidade, na sua mais alta expressão. Mas esse é um tema para outro artigo....
Carolinne Montes Baptista
Psicóloga CRP08/09981
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