No nosso dia a dia sentimos várias emoções e estas interferem diretamente no nosso bem estar psicológico, na disposição que temos para realizar as coisas, na qualidade de nossos relacionamentos.
Quem nunca acordou cansado, sem vontade de começar o dia? Quem nunca sentiu mau humor, irritabilidade, impaciência e acabou sendo agressivo com pessoas queridas?
Quem nunca sentiu tristeza, desânimo, desesperança em algum momento?
Quem nunca sentiu uma alegria imensa ou uma sensação de plenitude, de paz?
Quem nunca sentiu amor, compaixão por alguém?
Quem nunca sentiu muita vontade de desbravar novos horizontes, aprender novas coisas?
Quem nunca sonhou e sentiu o coração pulsar de entusiasmo e esperança?
As emoções nos tomam a todo momento, desencadeadas por pensamentos que temos, que podem ser negativos ou positivos, acerca das circunstâncias externas e internas que vivenciamos.
Segundo o psicólogo de Havard Daniel Goleman, 2012, as emoções são impulsos que nos foram dados pela evolução, para uma ação imediata, para planejamentos instantâneos que visam lidar com a vida. A própria raiz da palavra emoção é do latim movere, que significa “mover”, acrescida do prefixo “e”, que denota “afastar-se”, o que indica que em qualquer emoção está implícita uma propensão para um agir imediato. Assim diferentes tipos de emoção preparam o corpo para diferentes tipos de resposta.
A exemplo, o medo e a raiva podem nos preparar para lutar ou fugir de perigos reais ou imaginários. A tristeza pode nos levar a um isolamento, introspecção, que propicia momentos de reflexão e avaliação da nossa conduta e experiências na vida. O amor, a alegria despertam a afeição, a aproximação, a união, a felicidade.
Porém existe um justo meio emocional, onde não é saudável cair nos excessos e nas faltas emocionais. E é neste justo meio que residem as virtudes humanas, as forças que nos movem, que nos animam, que nos motivam.
E sobre as virtudes humanas, existe hoje uma ciência que as estuda, chamada Psicologia Positiva, fundada pelo psicólogo Martin Seligman, em meados do ano 2000. Esta ciência veio em congruência com o conhecimento trazido pelas escolas de filosofia da antiguidade, que falavam que o que torna o ser humano mais saudável, feliz, equilibrado é a vivência dos valores morais, das virtudes, bem como a perspectiva pela qual se vê a realidade, pela qual se interpreta os fatos da existência. Essa perspectiva pode ser catastrófica, negativa ou pode ser renovadora, positiva. Por exemplo, se alguém perde um ente querido, pode interpretar que é o fim, que sua vida perdeu o sentido, que não vai achar mais graça em viver sem a pessoa (perspectiva catastrófica/negativa) ou pode interpretar a perda como algo natural da vida, todas as pessoas morrem, e pode ficar com saudades, mas em paz, valorizando e honrando a vida do ente querido com boas lembranças, com boas atitudes na sua própria vida, agradecendo pela amizade, pela companhia, pelos bons momentos e aprendizados (perspectiva renovadora/positiva).
Assim, a tendência da psicologia contemporânea é cada vez mais olhar para o lado saudável do ser humano, para o potencial moral e virtuoso que ele guarda para se superar, aprender, desenvolver talentos, expressar o seu melhor no mundo e gerir as emoções. Não se buscam mais rótulos, diagnósticos, que geram um determinismo de vida para as pessoas. Busca-se identificar os potenciais, as virtudes que o indivíduo apresenta e ensiná-lo a utilizar no dia a dia. E isso cura, cura muitos males psicológicos, assim como o desenvolvimento de elementos como a ordem, autodisciplina, autocontrole.
Na figura a seguir, em cada pétala da flor, estão ilustradas emoções de uma mesma família de emoções, que fora do círculo mais externo da figura, descritos na interface entre uma pétala e outra, estão descritos os comportamentos que podem ser gerados pelas famílias. Por exemplo a ira, irritação, aborrecimento, fazem parte de uma mesma família/grupo de emoções e podem gerar agressividade; já a extasia, alegria, serenidade, fazem parte de outra família/grupo de emoções e podem trazer otimismo.
Mas afinal, como você tem lidado com as suas emoções?
Seguem algumas dicas para regular suas emoções, ou seja, para gerenciar seus sentimentos de maneira harmônica e saudável:
· Preste atenção aos seus estados emocionais quando estão vindo, antes que tomem conta de você. Para isso é necessário uma vigilância constante de si mesmo, uma atenção cuidadosa para perceber o que está sentindo e o que tem desencadeado os seus sentimentos.
· Em seguida, faça algo para se acalmar, para encontrar seu equilíbrio, sua serenidade. Pode ser um exercício de respiração, meditação, um banho, a audição de uma música, a conversa com alguém, a leitura de um trecho de um livro que alente e traga inspiração e paz, uma caminhada ao ar livre, contar até 10 e respirar, apreciar algo belo, como a natureza, por exemplo, dentre outras ações que você identifique que te faça bem.
· Pondere consigo mesmo e desafie o que sua mente está lhe dizendo. Digamos que esteja com raiva de alguém porque essa pessoa te ofendeu e sua lhe diz: “Este cara não é sempre um filho da mãe”, então desafie sua mente e lhe diga“consigo me lembrar de momentos que ele foi sensato e até gentil”, e talvez eu lhe deva dar outra chance. Ou você pode usar de alguma empatia e se imaginar no lugar da pessoa: “talvez essa pessoa tenha me tratado assim, por estar sobre enorme pressão”, “essa ofensa não tem haver comigo, mas com como ela está se sentindo”.
· Há que cultivar uma rotina diária que nos traga momentos de energização, de entusiasmo, de relaxamento, de motivação, de felicidade. O hábito de bons pensamentos, mais otimistas, mais virtuosos, ajuda muito nisso. Buscar não se aborrecer, se frustrar facilmente. Há que fortalecer a psique! Como?
1) Não se deixar levar pelo mau humor, pelo pensamento de crítica no dia a dia.
2) Praticar regularmente técnicas de meditação, respiração, relaxamento.
3) Ter momentos para descansar e fazer o que gosta.
4) Ter metas, objetivos, projetos que te tragam motivação para viver, para agir no mundo, para existir.
5) Exercitar a Vontade. Pequenas práticas regulares de autocontrole dos instintos.
REFERÊNCIAS:
GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
LEAHY, Robert L.(2013). Regulação Emocional em Psicoterapia. Porto Alegre: Artmed, 2013.
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